O documento de referência sobre a configuração do console do Linux é o Keyboard and Console HOWTO, de Andries Brouwer, que pode ser encontrado nos repositórios do LDP. Conforme lá descrito, a configuração da fonte de caracteres e mapa de teclado é feita usando o pacote KBD, encontrado em todas as distribuições de Linux.
Cada tecla do PC possui um código numérico. Ao pressionarmos uma delas o processador controlador do teclado envia ao computador esse código de varredura, também conhecido como scancode, junto com um sinal de que a tecla foi pressionada ou solta. As seqüências de eventos são então processadas pelo driver de teclado e armazenadas em uma fila de caracteres que é lida pelas aplicações por meio da chamada de funções do sistema operativo.
Um mapa de teclado é um arquivo de texto que estabelace as correspondências entre o scancode de tecla e o caracter (ou seqüência de caracteres) a gerar quando ela for pressionada, chamado keycode. Por exemplo:
# atribuição da tecla '-' do teclado numérico à tecla com código 74 keycode 74 = KP_Subtract # atribuição da tecla '4' do teclado numérico à tecla com código 75 keycode 75 = KP_4 # etc... keycode 76 = KP_5 # tecla 5 keycode 77 = KP_6 # tecla 6 keycode 78 = KP_Add # soma keycode 79 = KP_1 # tecla 1 keycode 80 = KP_2 # tecla 2
Além das teclas alfabéticas, numéricas e de símbolos, existem outras chamadas modificadoras que permitem gerar códigos que não correspondem a nenhum sinal gráfico: Shift Control Alt e Meta. Esta última normalmente não é encontrada em teclados de PCs, apenas em estações de trabalho de fabricantes como Sun, SGI, HP e Digital (eles não gostam de ser chamados de ``DEC''). O editor de texto Emacs usa muito a tecla Meta.
O arquivo de mapa permite também especificar teclas especiais chamadas ``teclas mortas'' (deadkeys). Quando pressionadas elas não resultam no aparecimento de um caracter na tela, limitando-se a alterar o comportamento da tecla pressionada a seguir para que, por exemplo, ao se digitar um ~ seguida de um a, seja gerado um `ã'.
Um mapa de tradução de tela permite especificar qual o caracter X a ser
exibido na tela, quando um programa deseja exibir um caracter Y. Desta
forma, poderíamos fazer com que ao escrever o caracter com o código do
c-cedilhado
na tela, fosse na realidade exibido um outro caracter de
código diferente mas cuja imagem na nossa fonte de caracteres
correspondesse à imagem de um c-cedilhado
.
Este mapeamento é necessário apenas quando queremos usar uma fonte cujos caracteres não possuem códigos diretamente correspondentes aos do conjunto usado no mapa de teclado.
Permite carregar um mapa de teclado. Por exemplo, o comando
a seguir carrega o mapa armazenado no arquivo portugal.map
.
loadkeys /usr/lib/kbd/keytables/portugal.map
Permite o carregamento de uma fonte de caracteres de tela, possibilitando a alteração das fontes utilizadas em modo de texto. O comando a seguir, por exemplo, irá carregar uma fonte com o conjunto Latin-1:
setfont lat1u-16.psf
mostra todos os caracteres existentes na fonte que está atualmente em uso no console. O X também tem um comanto chamado showfont, que serve para mostrar as características de uma determinada fonte, mas não os caracteres em si. Para esta última finalidade se usa o comando xfd. Se o programa showfont do pacote KBD for invocado em um emulador de terminal X, como xterm, ele gerará um erro ``GIO_SCRNMAP: Invalid argument'', mas não provocará nenhum dano.
Permite carregar um mapa de tradução de tela. Suponhamos que exista o arquivo
/etc/portugal.trad
. Se executarmos o comando
mapscrn /etc/portugal.tradentão a partir deste momento as traduções lá definidas serão usadas.
Carrega um mapa de tradução de Unicode para a fonte de tela. O mapa padrão, chamado ``def.uni'' considera que estamos usando a fonte normal do IBM-PC. Este comando não é necessário quando usamos uma fonte com caracteres definidos no padrão Unicode, pois o programa setfont carrega automaticamente a tabela de mapeamento adequada. O comando a seguir carregará o mapa de tradução para as fontes latin-1:
loadunimap lat1
O pacote KBD contém dois tipos de fontes com codificação latin-1:
setfont
. Estas fontes têm nomes
lat1u-*.psf
;loadunimap
. Estas têm nomes lat1-*.psf
(o ``u'' indica Unicode).Nas versões mais novas do KBD os arquivos são comprimidos com gzip
. É
preciso carregar uma fonte que tenha os caractres latinos acentuados no padrão
ISO 8859-1 e também os símbolos semigráficos. As fontes de nome
iso01.*
não possuem esses símbolos. A fonte mais recomendada é a
lat1u-16.psf
.
As versões mais antigas do pacote KBD mantinham essas fontes no diretório
/usr/lib/kbd/consolefonts
, que foi trocado depois da versão 0.92 por
/usr/share/consolefonts
. Dependendo da sua distribuição e do quanto
ela esteja atualizada o diretório poderá ser um ou outro.
Foi criado o script /etc/rc.d/rc.font
, contendo o seguinte:
#!/bin/sh # # /etc/rc.d/rc.font # # Seleciona uma das fontes de caracteres disponiveis em # /usr/lib/kbd/consolefonts. # setfont lat1u-16.psf # O comando a seguir é totalmente desnecessário # com a fonte lat1u-16.psf. # loadunimap lat1u # Remova o comentário da linha abaixo se estiver usando uma fonte sem # tabela de mapeamento de Unicode para tela: # loadunimap lat1
Edite o arquivo /etc/kbd/config
e coloque uma linha contendo
CONSOLE_FONT=lat1u-16.psfesse arquivo é processado pelo script
/etc/rc.boot/kbd
. Execute-o
para ativar a nova fonte sem ter que dar ``reboot''. Lembre-se sempre: Linux
não é Windows!
Edite o arquivo /etc/sysconfig/i18n
e veja se contém o seguinte:
LANG=pt_BR LINGUAS=pt_BR LC_CTYPE=ISO-8859-1 LC_ALL=pt_BR SYSFONT=lat1u-16 SYSTERM=linux-lat
Se você selecionar a língua correta durante a instalação não há nada mais a fazer. A configuração é feita extatamente como do Red Hat.
Edite o arquivo /etc/rc.config
e procure uma linha que começa com
``FONT='' (linha 64, em minha máquina com S.u.S.E. verão 5.6) e coloque
FONT=lat1u-16.psf
Edite os scripts boot.setup
e single
contidos no diretório
/etc/rc.d
. Procure a linha contendo o comando
/usr/bin/loadunimap
e remova-a ou ponha no seu início um ``#''
para deixá-la como comentário. Veja comentários sobre este comando na
seção
Carregamento de uma fonte de caracteres.
Experimente algumas teclas como ``,.|!"#$%&/()=?'',
etc. e use o comando showfont
para mostrar a fonte em uso.
A seguir é necessário carregar o mapa de teclado adequado. Até a versão 0.92
do pacote KBD esses mapas ficavam no diretório /usr/lib/kbd/keytables
passando mais tarde para /usr/share/keytables
. Dependendo da
distribuição você terá um diretório ou outro. Os mapas para diversos tipos de
teclados são apresentados mais adiante.
Foi criado o script /etc/rc.d/rc.keyboard
, contendo o seguinte:
#!/bin/sh # # /etc/rc.d/rc.keyboard # # Seleciona um dos mapas de teclado disponíveis no diretório # /usr/lib/kbd/keytables # loadkeys abnt2e acrescentei as seguintes linhas ao
/etc/rc.d/rc.S
,
imediatamente antes do tratamento do /etc/rc.d/rc.keyboard
:
# Carrega uma fonte de caracteres se existe um script rc.font. if [ -x /etc/rc.d/rc.font ]; then /etc/rc.d/rc.font start fi # Carrega um mapa de teclado se existe um script rc.keyboard. if [ -x /etc/rc.d/rc.keyboard ]; then /etc/rc.d/rc.keyboard start fi
Certifique-se de ter instalado o pacote kbd e depois faça o seguinte:
/usr/share/keytables/
. Não é necessário descomprimi-los;/etc/kbd/default.map.gz
./etc/init.d/keymaps.sh
.
Certifique-se de ter instalado o pacote kbd. Copie os arquivos com os
mapas de teclado fornecidos (veja a seção
Ficheiros necessários) para o diretório
/usr/lib/kbd/keytables/
(ou
/usr/lib/kbd/keymaps/i386/qwerty/
, a pertir do Red Hat 5.2). Não
é necessário descomprimi-los.
Edite o arquivo /etc/sysconfig/keyboard e coloque o nome do mapa a usar na variável KEYTABLE, como por exemplo
KEYTABLE="abnt2"
O CRHL já vem com os mapas de teclado para Português. Se você selecionou o
teclado correto durante a instalação, não há mais nada a fazer. Caso
contrário, edite o arquivo /etc/sysconfig/keyboard
e coloque
KEYTABLE="nome"Onde ``nome'' é br-abnt2, pt ou us-acentos caso o desenho do seu teclado seja ABNT-2, português ou americano.
Certifique-se de ter instalado o pacote kbd. Copie os arquivos com os
mapas de teclado fornecidos (veja a seção
Ficheiros necessários) para o diretório
/usr/lib/kbd/keytables/
. Não é necessário descomprimi-los.
Descomprima o mapa de teclado adequado, copiando para o arquivo
/etc/default.keytab
, usando por exemplo um comando como
zcat /usr/lib/kbd/keytables/pt.map.gz > /etc/default.keytab
Experimente pressionar a tecla c-cedilhado (se o teclado não tem esta
tecla, digite 'c
). Verifique se todas as letras acentuadas, maiúsculas e
minúsculas são geradas corretamente e aparecem na tela. Se aparecer algum
caracter estranho verifique se carregou o mapa de teclado e a fonte de
caracteres corretos, pois provavelmente uma dessas operações foi mal sucedida.
Se ao invés de c-cedilha minúsculo aparecer um maiúsculo é provável que uma tabela de mapeamento Unicode incorreta esteja a ser carregada. Este problema ocorrerá na distribuição S.u.S.E. se não se fizerem as alterações nos scripts do sistema mencionadas anteriormente.
Mas, e se alguns dos caracteres continuarem a não aparecer? Bem, antes de mais nada verifique se a fonte e o mapa de teclado adequados foram carregados. Um caso especial é quando queremos usar uma fonte que não segue a codificação ISO Latin-1 (é o caso da fonte padrão do console do PC). Teríamos então de convencer a tela a mostrar os caracteres certos em cada caso.
Poderíamos recorrer ao comando mapscrn. O arquivo com a tabela de tradução teria no entanto de ser criado por nós, seguindo um processo moroso de tentativa e erro até encontrar o caracter cuja imagem desejávamos. Ou, de uma forma mais fácil, poderíamos usar o comando showfont.
Se usarmos a fonte de caracteres correta, o uso deste último comando será desnecessário. É até recomendável que não se use tal recurso, pois embora ele permita criar uma tabela de caracteres ``personalizada'' em um computador, será difícil que um documento acentuado produzido nessa máquina possa ser lido em outra que não tenha a mesma configuração.
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